O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Comparação
Comparação entre a edição de domínio público brasileira e o texto crítico do Arquivo Pessoa. Ortografia atualizada conforme o português do Brasil, com notas de variação ao original publicado em 1932.
Créditos
Fernando Pessoa. Texto em domínio público. Fontes: Portal Domínio Público / MEC e Arquivo Pessoa. Edição, cotejo e revisão: Rubens Baptista, seção Poíesis — rubensbaptista.adv.br.

