ORA DIREIS OUVIR ESTRELAS

Ora, direis, ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e incerto,
Inda as procuro pelo céu remoto.

Direis agora: Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las.
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Créditos

Autor: Olavo Bilac
Obra: Via Láctea — Soneto Ora (direis) ouvir estrelas! — Domínio público.
Fontes do texto original: Edições digitalizadas disponíveis na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e no portal Domínio Público.
Edição: Rubens Baptista — Oficina de Poesia & Prosa (Poíesis).

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