Propriedade Intelectual impulsiona agro e moda: patentes geram empregos e fortalecem o interior

Setores como agronegócio e fashion law lideram o uso estratégico de marcas, ativos imateriais e inovação protegida no Brasil, gerando empregos e promovendo desenvolvimento regional

A relação entre propriedade intelectual (PI), geração de empregos e desenvolvimento regional está mais evidente do que nunca. Dados recentes revelam que os setores que mais registram patentes, marcas e desenhos industriais concentram 40% dos empregos formais do país — evidência direta de que inovar, registrar e proteger gera renda e reduz desigualdades regionais.

Com destaque para o avanço tecnológico no agronegócio e para o crescimento jurídico da moda autoral, a propriedade intelectual se consolida como ferramenta central na transformação econômica brasileira — especialmente quando compreendida como estratégia de negócio e não apenas como mecanismo legal.

Tecnologia no campo: inovação que enraíza empregos

O agronegócio brasileiro vem acelerando a adoção de tecnologias como biotecnologia, agricultura de precisão, automação e uso de dados, o que tem promovido uma transformação silenciosa no interior do país. Regiões antes dependentes de commodities passam a gerar empregos qualificados e a atrair startups e centros de pesquisa.

Apesar disso, o Brasil ainda importa cerca de 85% dos fertilizantes utilizados, segundo a CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o que demonstra vulnerabilidade tecnológica e dependência produtiva.

Um estudo do INPI e da Embrapa mostra que entre 2000 e 2021, foram depositados 954 pedidos de patente sobre inoculantes agrícolas no Brasil, mas 82% foram feitos por empresas estrangeiras. Esse dado revela uma lacuna nacional entre criação, proteção e domínio tecnológico.

Moda e proteção criativa: uma costura jurídica cada vez mais estratégica

A moda brasileira tem investido em proteção da originalidade, mas ainda enfrenta desafios estruturais no uso dos instrumentos jurídicos de PI. Embora o registro de desenho industrial no INPI seja uma das saídas para proteger aspectos visuais de peças, nem sempre ele se aplica — especialmente diante da velocidade da indústria.

Para além disso, marcas, direitos autorais, contratos e estratégias de diferenciação comercial vêm sendo usados de forma articulada. Marcas como a Farm Rio, por exemplo, investem fortemente na proteção da identidade visual e autoral de suas criações para atuar em mercados externos com segurança e exclusividade.

PI emprega mais e melhor? O impacto no mercado de trabalho

Estudos nacionais e internacionais já indicam que setores intensivos em PI não só empregam mais, como pagam melhor. Isso porque exigem qualificação técnica e criativa, demandando profissionais como:

  • Engenheiros de P&D e agrônomos com foco em inovação;
  • Estilistas com visão jurídica;
  • Advogados especializados em propriedade intelectual e contratos;
  • Gestores de ativos intangíveis e estratégias de branding legal.

No agro, cresce a busca por especialistas em bioinsumos, sementes melhoradas e soluções verdes. Na moda, a presença de fashion lawyers e analistas de PI nas equipes deixou de ser exceção.

PI como ativo estratégico e vivo: inteligência, não só proteção

De acordo com os Guias do INPI em parceria com a IPOS (Intellectual Property Office de Singapura), a propriedade intelectual deve ser tratada como um ativo dinâmico e gerenciável, que requer auditoria constante e decisões comerciais alinhadas à inovação. Como destaca o Guia 4:

“Um ativo intangível, mesmo sem registro, pode representar uma vantagem competitiva se corretamente protegido e explorado comercialmente.” (Fonte: INPI/IPOS, Guia 4 – MYMVA, 2024)

Isso envolve:

  • Mapeamento de ativos não registrados (know-how, dados, reputação);
  • Criação de cláusulas de PI em contratos com fornecedores, estúdios e pesquisadores;
  • Estratégias de monetização por meio de licenciamento, franquias, transferência de tecnologia e valoração de marca.

Parcerias com governança de PI: colaboração com segurança

O uso de propriedade intelectual em parcerias de inovação também é destacado pelos guias. Colaborar com universidades, startups ou outras empresas exige clareza contratual sobre titularidade, uso e exploração econômica dos ativos criados.

Segundo o Guia 3, “Estabelecer parcerias para obter vantagens comerciais”:

“Acordos sólidos de PI protegem as partes e maximizam o potencial econômico da inovação conjunta.” (Fonte: INPI/IPOS, Guia 3, 2024)

Gestão intangível e cenário brasileiro: desafios e oportunidades

Relatórios nacionais apontam que o Brasil pouco explora seus ativos imateriais. A maior parte das empresas ainda não os gerencia estrategicamente — e, com isso, perde competitividade, capacidade de escalar inovações e atrair investimento.

Esse cenário reforça a urgência de:

  • Ações públicas coordenadas entre INPI, agências de inovação e órgãos de desenvolvimento industrial;
  • Crédito e fomento vinculados à proteção de ativos intangíveis;
  • Educação empreendedora em PI desde o ensino técnico até o corporativo.

Conclusão: proteger é empregar, inovar é transformar

A propriedade intelectual mostra sua força como alavanca de competitividade, renda e autonomia tecnológica. Seja no campo ou nas passarelas, nas startups ou nas universidades, o futuro da economia brasileira dependerá da capacidade de reconhecer, valorizar e proteger as ideias que geramos aqui dentro.

E como demonstram os setores mais inovadores: quem protege primeiro, cresce com mais segurança e escala com mais valor, ou, se você preferir, quem chega primeiro, bebe a água mais limpa.

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