Não há mais pardais
Garoa não há mais
Calaram as bancas de jornais
E nem jornais há mais
Tudo da memória escorre para o esquecimento —
a mudança não respeita nem mesmo a dureza do cimento.
Moças apressadas, medo nos rostos.
Cada vez menos casas, menos bairros,
só prédios altos e assaltos.
Quem sabe da minha cidade?
Quem tem minha idade?
Eles riem da sobriedade,
caçoam da posteridade —
envelheceram sem identidade
Não perceberam os pardais.
Trocaram os jornais pelo celular.
E a garoa?
Garoa não há mais.
Destruíram nosso lar.