Em São Paulo

Não há mais pardais
Garoa não há mais
Calaram as bancas de jornais
E nem jornais há mais

Tudo da memória escorre para o esquecimento —
a mudança não respeita nem mesmo a dureza do cimento.

Moças apressadas, medo nos rostos.
Cada vez menos casas, menos bairros,
só prédios altos e assaltos.

Quem sabe da minha cidade?
Quem tem minha idade?
Eles riem da sobriedade,
caçoam da posteridade —
envelheceram sem identidade

Não perceberam os pardais.
Trocaram os jornais pelo celular.
E a garoa?
Garoa não há mais.
Destruíram nosso lar.

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