POKÉMON, PATENTES E O BACKLOG BRASILEIRO

Enquanto os EUA revisitam a patente de Pokémon, o Brasil tenta escapar do seu próprio labirinto burocrático

O diretor do Escritório de Patentes dos EUA determinou, em 13 de novembro de 2025, a reavaliação de uma patente da Nintendo sobre Pokémon, reacendendo o debate global sobre inovação. No Brasil, porém, o ano terminou com queda nas concessões e aumento do backlog do INPI — mesmo após a contratação de novos examinadores e a expansão dos programas de exame prioritário. O contraste mostra o quanto o país ainda perde em competitividade, royalties e faturamento quando o tema é propriedade intelectual.


O DRAMA DOS DOIS MUNDOS: EUA VERSUS BRASIL

Nos Estados Unidos, a discussão sobre a patente de Pokémon virou manchete — uma combinação rara de alta tecnologia, nostalgia e bilhões de dólares. A ordem de reavaliação da patente da Nintendo, que protege a mecânica de “invocar uma criatura e colocá-la para lutar”, partiu do próprio diretor do USPTO, atendendo a pressões públicas. O episódio demonstra que nem ícones pop escapam do rigor do sistema de patentes.

Enquanto isso, no Brasil, a batalha é outra: não tem Pikachu, mas tem processos intermináveis. Segundo o INPI, 166 mil novos pedidos de marca e 13 mil pedidos de patente foram protocolados em 2024. Contudo, as concessões caíram ao menor nível em cinco anos, como registrou o Estadão.

O dilema jurídico salta aos olhos: lá, discute-se se um Pikachu merece monopólio; aqui, luta-se para que qualquer patente seja examinada antes de se tornar obsoleta.


BACKLOG: QUEM DESPERDIÇA TEMPO, DESPERDIÇA VIDA

Inventores, startups e universidades brasileiras esperam anos pela resposta do INPI.

O caso Vonau Flash, exposto pelo Metrópoles, virou símbolo do prejuízo: 13 anos de pesquisa na USP tragados pela lentidão regulatória.

O cenário, que já fez pequenas empresas desistirem de inovar e investidores preferirem Miami a São Paulo, começou a reagir. O tempo médio entre depósito e decisão técnica caiu de 7 anos (2020) para 4 anos (outubro/2025).

Felizmente, processos acima de 10 anos estão deixando de ser rotina — e disso depende diretamente a evolução econômica do país.


HÁ LUZ NO FIM DO TÚNEL

Há luz no fim do túnel. Não é um trem, mas também não parece forte o suficiente.

Em 2025, o INPI deu posse a 75 novos examinadores e reforçou programas de exame prioritário, segundo o Gov.br. É um passo importante.

Mas o conflito regulatório persiste: o país aumenta o volume de pedidos, sem ampliar proporcionalmente sua capacidade de análise.


OS PRÓXIMOS PASSOS

O Brasil precisa acordar para sua própria corrida tecnológica. É essencial que universidades, centros tecnológicos e empresas apostem pesado em P&D.

Olhar para o INPI é olhar para a indústria nacional.

Se o Brasil não organizar sua própria Pokédex de inovação, continuará assistindo de fora enquanto outros capturam as melhores oportunidades.


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