As lágrimas perdidas
na desatenção da alegria.
Depois da utopia,
apenas a Tristeza sorria.
Sorria para quem nada podia —
nem chorar,
nem querer o dia
que em outras lágrimas se perdia.
E para que serve a alegria,
se não é possível viver a utopia
de sorver completamente cada dia?
Servia de oásis,
na impossível via —
mas, ignorada,
não mais a via.
Agora que sei,
não mais podia,
porque depois da utopia
apenas a Tristeza sorria.
As lágrimas perdidas
na desatenção da alegria.
Texto e arte: Rubens Baptista
Publicado originalmente na seção Poíesis — Revista de arte, filosofia e cotidiano.

